A Evolução das Principais Teorias da Motivação
- Wheeler Ruis da Silva
- 18 de ago. de 2024
- 6 min de leitura
Atualizado: 26 de ago. de 2024
A motivação é um elemento chave no comportamento humano, especialmente no ambiente de trabalho. Desde a década de 1940, diversas teorias foram desenvolvidas para entender o que motiva as pessoas. Cada teoria oferece uma perspectiva única sobre como a motivação funciona, variando desde necessidades básicas até fatores mais complexos como a equidade e a autodeterminação. Neste artigo, vamos explorar a evolução das principais teorias da motivação, suas diferenças e aplicações práticas.
1. Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow
Descrição: Abraham Maslow (1943) propôs que as necessidades humanas são organizadas em uma pirâmide, onde as necessidades fisiológicas e de segurança formam a base, seguidas pelas necessidades sociais, de estima e, no topo, a autorrealização. A teoria sugere que as necessidades superiores só se tornam relevantes quando as necessidades inferiores são satisfeitas.
Aplicação Prática: Essa teoria é aplicada em ambientes de trabalho para garantir que as necessidades básicas dos funcionários, como um ambiente seguro e salários adequados, sejam atendidas antes de esperar que eles busquem realizações maiores.
Figura 1: Pirâmide de Maslow
Referência: Maslow, A. H. (1943). A theory of human motivation. Psychological Review, 50(4), 370-396.
2. Teoria X e Y de McGregor
Descrição: Douglas McGregor (1960) apresentou as Teorias X e Y para descrever duas abordagens distintas de gestão. A Teoria X vê os trabalhadores como preguiçosos e que evitam o trabalho, exigindo supervisão rígida. A Teoria Y, por outro lado, vê os trabalhadores como naturalmente motivados e que buscam responsabilidades.
Aplicação Prática: Essa teoria influencia a escolha de estilos de liderança. Por exemplo, um gestor que adota a Teoria Y pode incentivar a autonomia e a autogestão entre seus funcionários.
Figura 2: Comparação das Teorias X e Y
Referência: McGregor, D. (1960). The Human Side of Enterprise. McGraw-Hill.
3. Teoria dos Dois Fatores de Herzberg
Descrição: Frederick Herzberg (1959) identificou dois tipos de fatores que afetam a satisfação no trabalho: fatores higiênicos, que evitam a insatisfação, e fatores motivacionais, que promovem a satisfação. Segundo Herzberg, a ausência de fatores higiênicos leva à insatisfação, mas sua presença não motiva; por outro lado, os fatores motivacionais podem levar a níveis elevados de satisfação.
Aplicação Prática: Empresas aplicam essa teoria ao focar em melhorar os fatores motivacionais, como reconhecimento e progresso na carreira, ao mesmo tempo em que gerenciam os fatores higiênicos, como salários e condições de trabalho.
Figura 3: Fatores Higiênicos vs. Fatores Motivacionais
Referência: Herzberg, F., Mausner, B., & Snyderman, B. (1959). The Motivation to Work. John Wiley & Sons.
4. Teoria ERC (ERG) de Alderfer
Descrição: Clayton Alderfer (1969) simplificou a hierarquia de Maslow em três categorias: Existência, Relacionamento e Crescimento (ERC). Ao contrário de Maslow, Alderfer propôs que várias necessidades podem ser ativas ao mesmo tempo e que a frustração em uma necessidade superior pode levar a uma regressão para uma necessidade inferior.
Aplicação Prática: Essa teoria é aplicada para criar um ambiente de trabalho que reconhece e aborda múltiplas necessidades simultaneamente, permitindo maior flexibilidade na gestão de pessoas.
Figura 4: Modelo ERC de Alderfer
Referência: Alderfer, C. P. (1969). An empirical test of a new theory of human needs. Organizational Behavior and Human Performance, 4(2), 142-175.
5. Teoria das Necessidades de McClelland
Descrição: David McClelland (1961) sugeriu que as pessoas são motivadas por três necessidades principais: realização (a necessidade de superar desafios), poder (a necessidade de influenciar e controlar os outros), e afiliação (a necessidade de relações sociais).
Aplicação Prática: Empresas utilizam essa teoria para identificar e desenvolver talentos, alocando funcionários em funções que maximizem suas motivações intrínsecas.
Figura 5: Necessidades de McClelland
Referência: McClelland, D. C. (1961). The Achieving Society. Free Press.
6. Teoria da Autodeterminação
Descrição: Proposta por Deci e Ryan (1985), a teoria da autodeterminação destaca a importância da motivação intrínseca, sugerindo que a autonomia, a competência e as relações sociais são essenciais para a motivação duradoura.
Aplicação Prática: Esta teoria é particularmente útil em contextos que exigem inovação e criatividade, onde os trabalhadores são encorajados a buscar seus próprios objetivos.
Figura 6: Componentes da Teoria da Autodeterminação
Referência: Deci, E. L., & Ryan, R. M. (1985). Intrinsic Motivation and Self-Determination in Human Behavior. Plenum.
7. Teoria de Estabelecimento de Objetivos
Descrição: Edwin Locke (1968) argumentou que metas específicas e desafiadoras levam a um desempenho superior. A teoria sugere que a clareza dos objetivos, combinada com feedback e compromisso, é crucial para a motivação.
Aplicação Prática: A teoria é amplamente utilizada na definição de metas dentro das organizações, ajudando a alinhar os esforços individuais com os objetivos da empresa.
Figura 7: Efeitos das Metas Específicas no Desempenho
Referência: Locke, E. A. (1968). Toward a theory of task motivation and incentives. Organizational Behavior and Human Performance, 3(2), 157-189.
8. Teoria do Reforço
Descrição: Baseada nos princípios do behaviorismo, essa teoria, popularizada por B.F. Skinner (1953), sugere que o comportamento é moldado por suas consequências. Comportamentos que são reforçados positivamente tendem a ser repetidos.
Aplicação Prática: Programas de recompensas e reconhecimento em empresas são frequentemente baseados nessa teoria, incentivando comportamentos desejáveis através de incentivos.
Figura 8: Ciclo do Reforço Positivo
Referência: Skinner, B. F. (1953). Science and Human Behavior. Macmillan.
9. Teoria do Planejamento de Trabalho
Descrição: A teoria do planejamento de trabalho sugere que o design das tarefas pode influenciar a motivação dos funcionários. Aumentar a autonomia e a variedade das tarefas pode levar a maior engajamento e satisfação.
Aplicação Prática: Essa teoria é aplicada no redesenho de cargos e na criação de equipes autônomas, onde os funcionários têm mais controle sobre suas atividades diárias.
Figura 9: Modelo de Planejamento de Trabalho
Referência: Hackman, J. R., & Oldham, G. R. (1976). Motivation through the design of work: Test of a theory. Organizational Behavior and Human Performance, 16(2), 250-279.
10. Teoria da Equidade
Descrição: John Stacey Adams (1963) propôs que a motivação é afetada pela percepção de justiça. Funcionários que percebem uma injustiça entre o que recebem e o que os outros recebem em situações semelhantes tendem a diminuir seu esforço ou buscar a equidade de outras formas.
Aplicação Prática: Empresas utilizam essa teoria para garantir que as práticas de remuneração e reconhecimento sejam percebidas como justas, prevenindo insatisfação e baixa produtividade.
Figura 10: Percepção de Equidade
Referência: Adams, J. S. (1963). Toward an understanding of inequity. Journal of Abnormal and Social Psychology, 67(5), 422-436.
11. Teoria da Expectativa
Descrição: Victor Vroom (1964) sugeriu que as pessoas são motivadas quando acreditam que seus esforços levarão a um desempenho desejado e que esse desempenho resultará em recompensas valiosas. A teoria da expectativa se baseia na equação: Expectativa x Instrumentalidade x Valência.
Aplicação Prática: Empresas aplicam essa teoria ao alinhar as expectativas dos funcionários com as recompensas oferecidas, garantindo que eles vejam valor em seus esforços.
Figura 11: Modelo de Expectativa de Vroom
Referência: Vroom, V. H. (1964). Work and Motivation. Wiley.
Conclusão
As teorias da motivação oferecem diferentes perspectivas sobre o que impulsiona o comportamento humano. Desde as necessidades básicas de Maslow até as complexidades das teorias contemporâneas, como a teoria da autodeterminação, essas teorias continuam a guiar as práticas de gestão de pessoas em organizações de todo o mundo. Compreender e aplicar essas teorias no ambiente de trabalho pode ajudar líderes a criar ambientes mais motivadores, justos e produtivos, alinhando os objetivos da organização com as aspirações dos funcionários.
Referências Bibliográficas:
Maslow, A. H. (1943). A theory of human motivation. Psychological Review, 50(4), 370-396.
McGregor, D. (1960). The Human Side of Enterprise. McGraw-Hill.
Herzberg, F., Mausner, B., & Snyderman, B. (1959). The Motivation to Work. John Wiley & Sons.
Alderfer, C. P. (1969). An empirical test of a new theory of human needs. Organizational Behavior and Human Performance, 4(2), 142-175.
McClelland, D. C. (1961). The Achieving Society. Free Press.
Deci, E. L., & Ryan, R. M. (1985). Intrinsic Motivation and Self-Determination in Human Behavior. Plenum.
Locke, E. A. (1968). Toward a theory of task motivation and incentives. Organizational Behavior and Human Performance, 3(2), 157-189.
Skinner, B. F. (1953). Science and Human Behavior. Macmillan.
Hackman, J. R., & Oldham, G. R. (1976). Motivation through the design of work: Test of a theory. Organizational Behavior and Human Performance, 16(2), 250-279.
Adams, J. S. (1963). Toward an understanding of inequity. Journal of Abnormal and Social Psychology, 67(5), 422-436.
Vroom, V. H. (1964). Work and Motivation. Wiley.
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